quarta-feira, 23 de maio de 2007

Herói

Para ler ouvindo a música abaixo.



Hoje vou falar de heróis, não os que usam cueca por cima das calças (mesmo porque estes são os “super”).

Mas antes de qualquer coisa a definição segundo o dicionário Silveira Bueno.

Homem extraordinário por suas proezas guerreiras, pelo seu valor ou magnanimidade; protagonista de uma obra literária, ou filme.

Não quero aqui pesar o tema, então vamos focar o cotidiano, ok?

Em uma manhã fria estava no metrô Itaquera, fazendo parte de uma fila de mais ou menos trinta metros, a fila da catraca. Esta fila é muito complicada, pois, os desavisados perdem o lugar e podem ter que voltar lá pra trás. Uma senhora umas vinte cabeças a minha frente encostou o Bilhete Único na catraca e ele não passou. Imagine-se em uma fila, de uns trinta metros cercados por outras filas de trinta metros. Não demora muito para que os trinta metros de fila comecem a ficar impacientes pedindo a mulher para dar passagem. Ela começou a procurar em sua bolsa outro bilhete, deu passagem e umas duas pessoas e depois de encontrar outro bilhete o encostou na catraca. Bilhete Recusado.

Tudo isso não levou vinte segundos, então aconteceu o que liga este fato ao tema. Quando o bilhete foi recusado uma segunda vez a mulher não teve tempo nem mesmo olhar para trás, um dos homens que a mulher havia deixado passar voltou e passou o seu bilhete para ela. Eu fiquei paralisado, uma gentileza desta não é comum nesta cidade desvairada. Fiquei observando queria saber mais, o homem nem olhou para trás, não esperou um obrigado. Eu fui atrás da mulher só para ver se ela era amiga dele, não era. Um homem sem identidade, ajudou uma mulher sem identidade, num dia qualquer, sem pedir qualquer coisa, em troca nem mesmo de um obrigado. Se isso não é símbolo de magnanimidade, eu não sei o que pode ser.

Confesso que fui trabalhar feliz, essa demonstração de solidariedade é a meu ver heroísmo. Por que heroísmo? Alem do fato já mencionado, a magnanimidade, este homem pode ter salvo aquela mulher de uma infinidade de problemas, se ela tivesse que voltar para o fim da fila ou se tivesse que comprar um outro bilhete, ela poderia perder uma consulta no médico, um prêmio por pontualidade entre outras coisas

O que aconteceu com a mulher depois disto não temos como saber, eu fiquei me perguntado, se este homem-heroi é único ou faz parte de uma liga que ajuda senhoras a atravessar as catracas do sistema metropolitano de São Paulo.

Cheguei a conclusão que existe essa Liga da Justiça Social, presente nas pessoas que ajudam cegos e pessoas de idade a atravessar as ruas, ensinam as crianças a não jogar lixo nas ruas entre uma infinidade de ações civis, mas esta Liga como nas historias em quadrinhos é sabotada pelo governo, pois, nem sempre o exemplo vem de cima.

Um salve aos Homens-Heróis.

Bem Maior (Luiz e o Anjo)

Texto Publicado no blog Ilusório e Misterioso em 2004

(Para ler ouvindo: Legião Urbana "Os Anjos")


A luz entra por uma fresta e ilumina uma caixa vermelha, com alguns ponteiros que emitem um som, tic, tac. Luiz dorme profunda e tranquilamente, como se tivesse um anjo cantando para ele dormir.

Então o som...

Ninguém gosta deste som, o som do inicio do dia. O anjo pára de cantar, então Luiz abre apenas um olho, localiza a caixa e a arremessa na parede, afinal ele ainda não quer acordar.

Que noite maravilhosa ele tem para lembrar.

Luiz acorda, ainda sente o gosto de cerveja das bocas que beijou, quantas foram? Seis, sete? Ele não lembra.
Mas realmente foi uma noite formidável, não foi uma data especial, foi apenas uma noite como todos as anteriores.

Correndo Luiz sai, além de estar atrasado tem que pegar o seu carro a um quarteirão de distância de sua casa, pois na noite anterior estava tão bêbado que não conseguia mais dirigir.

No caminho para o trabalho Luiz cruzou três semáforos vermelhos, passou de propósito em uma poça de água para fazer uma mulher se molhar e jogou o carro em um cachorro, cachorro esse que só não morreu por que pulou no canteiro central da pista.

Luiz saiu do trabalho direto para o bar e lá encontrou seus "amigos", estava ótimo como sempre.

Mais mulheres, mais bebidas, mais orgia, mais coisas formidáveis, Luiz está entre os seus.

No limiar do mundo espiritual podemos ver um anjo, ele traz em seu corpo as marcas das defesas que faz para o mortal Luiz.

O anjo tem a asa direita quebrada, a asa esquerda toda suja, suas pernas inchadas e a sua aréola quase não brilha. Mesmo assim no dia seguinte ou quando Luiz precisar o anjo estará lá, cantando para ele.

Em um momento de revolta o Anjo pensa:
- Ainda assim ele vai para o céu.


"Bem aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus" MATEUS 5-3.

Terminal

Aqui é o fim da linha, se você não sair agora vai ter que voltar e começar tudo de novo.