domingo, 31 de agosto de 2008

Jarbas Passarinho na Carta Capital

Para ler ouvindo: Uma música de sua preferência.

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Hoje dia 31 agosto de 2008 coloquei a mão na revista "Carta Capital" com a matéria de nome "Jarbas Passarinho", o que ela tem de importante? É minha primeira foto em uma revista (já comecei bem).

IMG_3939Para quem não sabe, eu faço parte de um projeto chamado Anonimato S\A, onde fotografo matérias e alguns temas solicitados por meu amigo Luiz Alberto de Carvalho, editor do site, o fato é que fomos levados a revsita Carta Capital, por uma matéria que ele escreveu e eu fotografei.

Se vc quer conhecer mais o nosso trabalho clique no aqui ou

Aqui para a materia no site da "Carta Capital" (sem fotos);

Aqui a versão de matéria no site Anonimato S\A (com fotos);

Ou ainda na versão impressa :-)IMG_2567

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Universo dentro de Mim ou Ainda não.

Para ler ouvindo: O som desvairado da cidade.

angustia

Acordei, mas estou tão cansado, tão cansado, parece que tem alguém nos meus ombros. Estou deitado em pé de pijama na plataforma do metrô, com a cara amassada e cansada, estou triste, tão triste, uma tristeza que me abraça como uma mulher que usa um vestido negro, ela passa por mim, olha na minha cara e é atropelada pelo metrô. Participo da dança das cadeiras e me sento. Sento feliz, mas triste. Acontece um barulho, não quero ouvir, vou aumentar o mp3, não posso, dois homens trocam socos, não quero ver, mas não posso evitar, estão se batendo, se xingando, de repente sou eu, eu me bato e me xingo, mas depois não sou eu, eu estou vendo tudo, socos e pontapés, alguns separam outros gritam, outros me batem ou me xingam, acabou um desceu e outro ficou e eu por estar cansado fiquei em pé, nossa que tristeza, a mesma mulher de vestido negro olha por entre minhas pernas, passa a mão por minhas coxas, quer pegar o meu pinto, não vou deixar. Quero que ela vá embora, estou cansado, estou com sono, quero ficar em pé, não quero mais ficar sentado. Ela está olhando para minha cara, me mostra a língua, não quero que ela me olhe. Olho para fora e me vejo correndo com a camisa do pijama e uma gravata de seda, cada um na sua devida posição, me sinto tão sujo, tão triste, parece que estou correndo em um pinico, a mulher de negro me olha nos olhos, sinto um calafrio tão grande que me vejo de novo no metrô, com a calça do pijama e o palitó azul. Mas não importa para onde eu olhe a mulher de vestido preto me olha agora ela quer passar aquela mão gelada e nojenta na minha bunda, não vou deixar. Eu quero que ela morra, mas isso não vai ser possível, eu abro a boca, vou gritar, mas quando faço isso minha boca se enche de água, parece que estou em um lago, só consigo respirar pelo nariz, não tenho mais voz, meu Deus. Uma mulher passa mal e cai sobre mim, eu a amparo, seu calor em mim. Sou eu que estou passando mal, sou eu que estou sendo amparado por outros, estou fora de mim mais uma vez, meu Deus que tristeza, que cansaço, eu não posso mais suportar, não posso mais agüentar, não quero mais isso, não quero mais essa vida, só me resta fazer uma coisa, vou descer na próxima estação. Eu me esquivo de vômitos e excrementos até que porta se abra e eu seja lançado para fora como um cloriforme fecal. Em pé deitado no meio da “rua-estação-qualquer lugar-não importa” tiro a calça do pijama forro o chão e uso a gravata para um curativo dos socos que eu tomei na cara e por fim, choro! Choro minha tristeza, choro minha angustia, choro o sentimento de perda, choro questões mal resolvidas, choro por meus pais e por meus filhos, no meio do meu choro me pergunto, por quê ela fez isso, por quê? Ela deve ter tido lá suas razões. Chorando convulsivamente olho para a mulher de vestido negro que agora está com vestido levantado como que pedindo um coito, jogo minhas lágrimas nela, xingo ela de filha da puta, cuspo em sua cara, quero chuta-la, mas não vou fazer isso, posso precisar de suas gentilezas no futuro, então visto o meu capuz de palhaço, imediatamente fico invisível aos seus olhos, e minha vida pode voltar ao normal.

Ainda não!

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Quem acompanha o meu trabalho desde o começo sabe que eu reneguei este tipo de texto há algum tempo, mas eu precisava soltar isso em palavras. Outra coisa este texto não foi e não será revisado, ao menos desta vez quero que os meus sentimentos passem direto para vocês.

O próximo texto é a esperada continuação do Cavaleiro Azul.

Foto: Samuel Möder

domingo, 10 de agosto de 2008

Sobre irmãos

Para ler ouvindo: U2 - Stay (Faraway, So Close!)

irmaos

Imagine que ser irmão é existir em conjunto. Ser alguém que somente por existir já sente a presença de outro, e tem aquele jeito estranho de gostar.

Como assim?

Lembro-me que uma das descrições de irmandade mais curiosas que eu recebi foi a seguinte:

“Não gosto do meu irmão, não falo com ele a mais de três anos, mas se um dia eu o encontrar na rua apanhando, vou ajudá-lo, posso até não falar com ele, mas vou ajudá-lo” – Estranho? Acho que não o amor de irmão é muito mais que palavras – perceba que não estou dizendo que o depoimento é coerente.

Imagine que um irmão tem o papel de parceiro, ele é o cara que ensina a empinar pipas, que ensina que rodar peão, que ensina como chegar até a pessoa desejada e por vezes amada.

Irmandade é uma ligação infinita que não se rompe com a distância de continentes ou o (sem virgula entre infinita e irmão) arremesso de travesseiros ou roupas sujas.

Mojica Marins (como Zé do Caixão) diz que só o sangue é eterno – bonito isso, ou não? -.

Imagine que na sétima serie eu tinha um amigo que descobriu ter uma meio-irmã por parte de pai. Sabe o quê ele fez? Na primeira oportunidade que teve, “ficou” com ela. Só depois de muito tempo percebi que expressão era aquela nos olhos dos dois, havia um prazer diferente, uma cumplicidade que nunca mais vi no olhar de nenhum outro casal – e olha que eu só fui saber de Calígula alguns anos depois.

Continua no Três

Terminal

Aqui é o fim da linha, se você não sair agora vai ter que voltar e começar tudo de novo.