sexta-feira, 2 de maio de 2008

Prelúdio [C.A.]

Para ler ouvindo: o som do mar.

foto: kindian

Já se vão quase seis anos de campanha, uma campanha sangrenta, felizmente sangrenta para o inimigo.

Um homem de guerra tem notícias a dar a seu comandante. Este homem não é um qualquer, ele é o capitão, um homem cunhado na batalha, um homem criado para servir a sua terra, praticamente uma máquina de matar, mas, hoje seu coração está apertado e seu espírito inquieto.

Por sua vez, o comandante também não é um qualquer. É conhecido apenas com uma alcunha: Cavaleiro Azul.

O capitão se sente seguro ao lado do Cavaleiro, pois, sabe que é um homem honrado. Lembra-se que pouco antes da campanha ter início ele apareceu, alardeou a chegada do inimigo e ajudou na preparação para defesa. Tornou-se o campeão da princesa, com qual se corresponde periodicamente - o capitão sabe disto pois, é ele pessoalmente que entrega a correspondência ao mensageiro.

Já se vão quase dois anos que a espada do Cavaleiro vem guiando os soldados em pleno campo inimigo, cada batalha uma vitória, nem sempre completa, mas sempre em vantagem para eles, os homens que vem seguindo o cavaleiro, ao menos até hoje.

Para dar as notícias o capitão foi encontrar o Cavaleiro em um lugar de meditação, de frente a um precipício que termina no mar, um homem de armadura azul contempla a imensidão azul do mar encontrando o céu.

Antes de dar as notícias, o capitão precisou parar. Precisava respirar, deixar a idéias se assentarem em sua cabeça.

- Percebo preocupação em você capitão - o capitão estava tão longe que quase não ouviu o a voz do Cavaleiro, este tipo de percepção sempre causa arrepios ao capitão.
- Milorde – disse o capitão se aproximando - a equipe de reconhecimento não trouxe boas noticias, a contagem preliminar do inimigo é...
- É maior que o dobro da nossa batalha mais sangrenta - completou o Cavaleiro interrompendo o capitão.

Um silêncio embaraçoso cortou a manhã quente de verão, o capitão perdeu o raciocínio. Parecia que o som do mar lambendo as pedras estava mais alto seus pensamentos voaram e ele acabou por se perguntar porque o cavaleiro não havia tirado sua armadura como todos os outros.

- Capitão conheço-lhe bem. Sei que não estaria com o espírito abalado desta forma se não fosse realmente sério - continuou o homem de armadura – Diga-me, sente saudades de casa?
- Mas é claro milorde, todos sentimos.
- Está na hora de voltar, não está?
- Mas, se voltarmos daqui com todo o efetivo seremos pegos no meio do caminho.
- Sim, mas, se derrotarmos o inimigo ele não conseguirá nos seguir, principalmente quando sairmos de suas terras.
- Derrotar como milorde, se temos quase cem para um?
- Amigo capitão - O Cavaleiro Azul se virou e o homem se surpreendeu mais ainda ao perceber que ele estava de armadura completa e com o elmo abaixado - Alguma vez eu o decepcionei?

Embaraçado o homem respondeu:

- Não milorde.

O Cavaleiro abriu o seu elmo e o homem pode perceber que ele sorria, um sorriso franco de um jovem, embora ninguém soubesse ao certo sua idade. O Cavaleiro tirou de seu elmo um sândalo.

- Amigo entregue isto ao mensageiro, peça a ele que entregue a princesa Suzanna. Ele deve partir ainda hoje.
- Sim milorde, mas alguma mensagem ou carta? - O cavaleiro olhou para o mar mais uma vez, e respirou fundo como se estive sem respirar a dias e respondeu:
- Não. O vento vai dizer lento o que virá.

Mais um silêncio. Parecia que o Cavaleiro Azul estava se despedindo daquele momento. Mais uma vez o som das ondas acariciando o mar se fazia presente.

- Capitão, conversaremos mais tarde para traçar nossa estratégia, mas, lhe adianto que ao final desta batalha você e suas tropas marcharão para casa.
- Nós? E senhor milorde?
- Vocês vão precisar de um sinal avisando a hora da partida. Aconteça o que acontecer, não parem, estarei com vocês no futuro.

O capitão pensou em argumentar, mas era inútil. Não queria esperar queria falar agora com ele sobre a estratégia, queria saber o que ele faria. Desistiu e já ia saindo quando o Cavaleiro o disse:

- É um prazer servir a seu lado capitão.
- Digo o mesmo milorde!
- E capitão, não se preocupe, pois, Deus está do lado de quem vai vencer!

------

No próximo episódio:
Corajosos correm.
Sangue, sal e areia.
Um estranho galope faz a terra tremer!

------

Este texto tem mais realidade do que parece!

Obrigado a Tatá Bueno pela força na revisão e a Samara por ajudar na escolha da imagem.

Terminal

Aqui é o fim da linha, se você não sair agora vai ter que voltar e começar tudo de novo.